Palestra do NITAE² e PPGCIMES discute inclusão e acessibilidade a partir da audiodescrição

Na manhã desta quarta-feira, 13 de dezembro, a Profa. Dra. Flávia Mayer, da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), ministrou a palestra “Audiodescrição: características, legislação e campo de aplicação”, no auditório do prédio do Programa de Pós-Graduação em Geofísica (CPGf) da Universidade Federal do Pará (UFPA). A palestra foi uma realização do Programa de Pós-Graduação Criatividade e Inovação em Metodologias de Ensino Superior (PPGCIMES) e do recém-implantado Núcleo de Inovação e Tecnologias Aplicadas a Ensino e Extensão (NITAE²) da UFPA, criado a partir da transformação da Assessoria de Educação a Distância (AEDi). A palestra foi a primeira atividade aberta do Núcleo.

A Profa. Flávia Mayer é doutora em Linguística pela PUC Minas e mestra pelo Departamento de Semiótica da mesma instituição. A pesquisadora trabalha com temas que envolvem a acessibilidade desde a sua graduação, e seus estudos enfatizam assuntos como semiótica, linguística cognitiva, tradução audiovisual e audiodescrição. Também é uma das líderes do Grupo SVOA, que surgiu a partir de seus projetos de pós-graduação. O SVOA atua no campo das políticas de acessibilidade e trabalha com audiodescrição de filmes, peças de teatro e exposições em museus para pessoas com deficiência visual, promovendo a inclusão e autonomia desses sujeitos.

A Profa. Dra. Flávia Mayer defendeu a audiodescrição como ferramenta para a inclusão

Inicialmente, a palestra ofereceu um panorama sobre a questão da acessibilidade para pessoas com deficiência visual no Brasil, apresentando dados demográficos. Em seguida, discutiu o cenário da prática da audiodescrição, passando por aspectos mais técnicos, como a pré e a pós-produção de roteiros, as legislações que incentivam a prática da audiodescrição e o contexto de atuação do profissional audiodescritor; até perspectivas mais sensíveis, como o quê e como audiodescrever levando em consideração o contexto do público e do objeto a ser audiodescrito.

A professora deu destaque também ao combate à discriminação e à desigualdade com relação a pessoas com deficiência e enfatizou que a acessibilidade e a inclusão devem ser tomadas como bandeiras de reivindicação: “Se eu penso em inclusão, eu penso em mudança no sistema, porque atualmente ele não está preparado para ser inclusivo. Temos que pensar a acessibilidade para além do nome. Isso significa defendê-la como posicionamento político, como uma militância, mas estando também em um exercício de autoavaliação constante”, argumenta a pesquisadora. 

Ao final da palestra, os presentes dialogaram com a professora, apontando suas dúvidas e contando experiências. Houve relatos de professores, técnicos-administrativos e profissionais da audiodescrição, com trocas de saberes, práticas e vivências.

Os participantes puderam dialogar e trocar experiências

Aline Corrêa trabalha como audiodescritora e esteve presente na palestra: “Primeiro, este foi um salto qualitativo para o Núcleo, que escolheu uma profissional com alicerce da ciência da linguagem e da semiótica para ministrar a palestra. Sem isso, você fica limitado até para explicar, ponderar algum aspecto da audiodescrição. Para a academia, é um fortalecimento”, afirma.

Para além do campo acadêmico, a audiodescrição também pode ser uma importante chave para a inclusão em campos de atuação diversos. Para Adriana Nascimento, terapeuta ocupacional, compreender as questões que cercam a acessibilidade e a inclusão de pessoas com deficiência é fundamental para a profissão que exerce: “Este é um público com o qual lidamos diretamente em hospitais, em unidades básicas de saúde. A audiodescrição, por exemplo, é uma ferramenta de trabalho que precisamos incorporar no nosso dia a dia para termos mais segurança ao lidarmos com pessoas com deficiência, e assim, fazermos a diferença no cotidiano delas, de fato. A palestra me deu o pontapé inicial para que eu comece a me instrumentalizar mais nessa área”, aponta.

Os participantes tiveram contato com a audiodescrição e como esta pode ser uma ferramenta de inclusão e acessibilidade

Próxima programação

Nesta quinta-feira, 14 de dezembro, às 9h, a Profa. Dra. Flávia Mayer fará uma segunda palestra, com o tema “A construção criativa de conceitos de cor por pessoas com cegueira congênita”. O evento será realizado também no auditório do prédio da Programa de Pós-Graduação em Geofísica (CPGf) da UFPA.